abro em mim uma fenda abismal,
e atiro-me para dentro a lamber
as visceras ainda em ferida.

existem contradições e eu estou
exausto da sucessão de anastesias
imprimidas de forma a esconde-las.
escondo, o tal desfasamento entre
a teoria e o que sou, e ao esconder-me
não me permito a mim mesmo, e aí
estou a desvirtuar-me na intrinssicidade
do Ser numa prespectiva evolucionista.

tenho-me como certo, e por isso (re) parto
numa aventura para a vida, fechada que está,
por hora, a fenda abismal e ténue que prefaz o peito.
arrisco-me, num limbo mais denunciado para
a realidade dos entorpecidos, a perder o contacto
panorâmico desse universo paralelo e consciente
por onde sempre faço força.
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o risco.
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de forma a ser menos estático.

parto descalço para mais um outono.